Os conflitos que percebemos entre as pessoas que se frustram na relação, ocorrem, principalmente, por expectativas não atendidas, e suscitadas por questões ocultas e, por vezes, desconhecidas. É importante salientar que todos querem a felicidade, ainda que por motivos variados, e, por outro lado, desejam evitar o sofrimento a qualquer custo. Analisar a origem de determinado conflito é uma reflexão extremamente ampla, muito impactada pelos inúmeros medos e bloqueios não resolvidos até o momento presente, para ambos lados de uma relação. Além disso, as pessoas, frequentemente, possuem pouca clareza de que forma suas insatisfações e consternações impactam no meio externo. Costumo dizer que, se andássemos com um espelho o dia todo para prestar atenção em como interagimos com as pessoas, possivelmente, ajustaríamos muitas práticas que se tornaram automáticas com o passar dos anos e, desta forma, ficamos aptos a reduzir conflitos.
Dentro do ambiente de trabalho, nos relacionamos com pessoas sobre as quais desconhecemos a forma como vivem, os problemas que possuem, os traumas e assédios que viveram, as doenças com as quais convivem e o medo que cultivam em relação ao futuro. Torna-se desafiador a interação com pessoas que pouco compreendemos, entretanto, o ato mental de considerar a existência desta teia histórica pode ser o início de uma conduta construtiva diante da dificuldade demonstrada pelo outro. Na medida em que o outro trouxer uma palavra ou expressão negativa, a melhor resposta é ser receptivo e construtivo, pois isto o surpreende positivamente.
Querer ter uma atitude firme e equilibrada é possível desde que se aprenda a escutar e observar o que as pessoas expressam através das palavras, dos olhos, do corpo e demais sensações percebidas pela mente intuitiva. Quanto mais falamos, menos entendemos o outro; e, se falamos em excesso, é porque precisamos nos compreender melhor. Em suma, a comunicação é um elo que pode conectar ou desconectar, dependendo de como é aproveitado.
Listo a seguir algumas formas de ativarmos a qualidade nos relacionamentos que temos:
- adotar práticas de autocontrole emocional, principalmente, em momentos estressantes
- ser paciente no contato interpessoal pois nem tudo é do nosso jeito
- ter uma mente aberta para novas ideias vindas dos outros
- sempre que vier um julgamento em sua mente, questione e evolua para pensamentos mais nobres
- enfatizar mais as situações e tarefas ao invés de focalizar na personalidade do outro
A sabedoria de lidar com situações de conflito se adquire com empenho de melhoria contínua de si mesmo, ou seja, quanto mais se avança na própria consciência do quanto somos ineficazes em transmitir nossas mensagens, melhor aproveitamos o que os outros têm a oferecer. Muitas vezes temos a necessidade de entender as motivações dos outros, quando estes, frequentemente, nem conseguem se perceber ainda e nem se questionam a este respeito. Resumidamente, a valorização do outro mesmo que você não o compreenda, e não se deve dar suma importância a isso, colabora para reduzir a margem de conflito entre as partes. Viver assim é libertador, agir assim é acreditar que a solução reside em ser generoso.